A minha vontade de falar de música por aqui era enorme, mas infelizmente não tenho conhecimento suficiente pra fazer algo que ficasse interessante. Então, ontem enquanto eu olhava meus novos e-mails, vi um novo, de um amigão meu, sobre MÚSICA! Meu olho brilhou e na hora eu pedi pra publicar aqui! Esse texto ele postou no blog Charme & Funk . Mas ele acabou de me mandar um outro conteúdo novo, que muito em breve estará por aqui! Que bom que ele já me mandou mais conteúdos! Porque ele escreve muito bem!!! (e eu nao to babando ovo nao!) Espero que vocês também gostem!
Por Diego Mancini
Às vezes algo salta aos olhos. Pode ser um vestido de um ombro só, mais soltinho, com estampas floridas. Pode ser um corte de cabelo incomum, mas absolutamente charmoso. Pode ser algo sutil, como um cinto fino marcando um vestidinho comum, mas acrescentando um brilho particular àquela produção.
A moda vive do incomum. Incomum-construído; incomum-trabalhado. Incomum-inspiração. É trabalhando em cima de um conceito de incomum que se chega àquilo que será aceitável nas prateleiras das lojas no ano seguinte.
Mas essa idéia do incomum-conceito vaza para várias outras áreas, principalmente para a música. O absolutamente comum é o que mais vende, é fato, mas não dura. O que dura, o que posteriormente será taxado de comum, é o que na sua concepção foi considerado estranho, inovador, avant-garde.
Pensando em música sob esse aspecto, a banda que melhor exemplifica esse conceito se chama Toe. São quatro rapazes japoneses com nomes que desafiam minha capacidade de compreensão da língua japonesa, por isso não darei nome aos bois. Mas isso não é importante. O importante é saber que esses seres de olhos puxados tocam música como nunca tocada antes.
Seu trabalho, praticamente todo instrumental, segue a linha do math rock e post-rock, com tempos quebrados, arranjos loucos e estruturas incomuns. Apesar de dividirem o rótulo com bandas como Tool e Meshugah, eles não poderiam estar mais distantes uns dos outros.
Toe é música para se ouvir de olhos fechados, abraçado com alguém querido assistindo o mundo se desdobrar. Para ouvir quando a noite dá os primeiros sinais de encobrir o dia. Para ouvir vendo fotos antigas e pensando na saudade que temos que engolir sempre. Para ouvir com o nariz pregado no vidro da maternidade vendo seu irmão/primo/filho do outro lado. Para recuperar a fé na Humanidade.
Pode parecer meio responsabilidade demais para se colocar nas costas de uma só banda, mas eles são capazes disso. Os homens (mulheres também, ok?) não vivem sem música. Música nada mais é do que vibração. Somos todos compostos de vibrações; moléculas pulsantes; átomos inquietos. Toda e qualquer música mexe conosco num nível imensurável.
O trabalho dos rapazes do Toe é capaz de mexer comigo num nível subatômico. As guitarras simples, calmas, suaves seguem a linha de pensamento que eu gostaria de ter. O baixo preciso, com notas curtas e certeiras, segue a maneira como eu gostaria de agir. A bateria, caótica mas completamente ordenada dentro de uma lógica toda sua, representa a soma dos milhares de pensamentos loucos que circulam dentro de minha cabeça a cada dia, direcionados a mil possibilidades.
Toe trilha o caminho do incomum usando música indie instrumental (que me lembrou os meninos do Mordeorabo, de BH) para expressar esperança de que nem tudo é ruim, nem tudo foi por água abaixo. Num meio considerado fútil por muitos, assim como a moda, Toe luta bravamente para provar que o que você ouve diz muito sobre o que você é. Exatamente como as roupas que você usa.